RAIMONDA
A igreja paroquial, inaugurada em 1710, é ponto obrigatório de visita, pelo que representa da mais artística talha de todo o concelho e até do norte do país. É também uma informação de fé e de força económica dos antepassados da terra. Edifício elegante e bem proporcionado, possui uma capela-mor muito rica, de estilo renascença-barroco. Realce também para os altares laterais, para o retábulo do altar-mor, para as pinturas de motivos bíblicos nas paredes e os caixotões do tecto. A mais antiga pintura existente em Portugal sobre o Sagrado Coração de Jesus, segundo o Padre Alexandrino Brochado, encontra-se na Igreja Paroquial de Raimonda. Os quadros que decoram as paredes da capela-mor são dedicados a Santo Onório, Santo Agostinho e São Cristovão, de um lado, e São Dâmaso, São Jerónimo e São Lucas, do outro lado. Na frontaria externa, há uma bonita imagem gótica de São Pedro, que pertencia à igreja anterior, e que, por ser do mesmo estilo e época, se pode relacionar com a existente em Ferreira e Carvalhosa. Todo este conjunto faz da igreja paroquial de Raimonda – nomeadamente da sua capela–mor – uma verdadeira preciosidade artística, difícil de encontrar noutra Paróquia da dimensão de Raimonda.
A igreja antiga foi demolida, por volta de 1700, por ser considerada demasiado exígua. Estava situada no lugar onde hoje se situa o palheiro da Casa da Baptista, actualmente propriedade dos Padres Beneditinos.
Esta Ermida de São Pedro de Rosende, que tinha dois sinos e cinco altares (o Altar-Mor e quatro colaterais), foi erigida em meados do século XIII, sob a designação de “Heremiti Sancti Petri de Gondesende”. Não tardou a alcançar a categoria de Igreja Baptismal, sufragânea da de São Tiago de Lustosa.
A Capela de Santo Amaro, situada no lugar com o mesmo nome, junto à corrente inicial do rio Ferreira, foi construída em 1632. O seu altar é modesto, com santuário envidraçado. A sua maior originalidade é uma empena, com cruz flordelisada. Construída inicialmente em 1717, foi reedificada em 1894, ampliada em 1942 e restaurada em 1979 (substituição do tecto).
A Capela de Santo Cristo está situado no cemitério. Pensa-se que a sua construção terminou em 1899. Tem uma cuidada cornija de granito lavrada e um altar interior muito vulgar. Destaque para uma lápide branca de mármore com a seguinte inscrição: “Qui sperant in te in aeternum exultabant” (Os que em ti esperam, gozarão alegrias eternas). Lateralmente, dois motivos: um coração e uma âncora a terminar em cruz, cujo significado não se conhece.
A Capela da Virgem Maria, vulgo Nossa Senhora do Desterro, está situada no lugar de Parada e é também conhecida por Capela de Jesus, Maria e José. Foi aberta ao culto em 1721, conforme se lê no portal (A+7XXI). Documentos de 1758 referem já a sua existência, numa altura que Gualter Martins Leão era o seu zelador. O altar-mor, original, é muito valioso sob o ponto de vista artístico: talha dourada, colunas com torcidas, cornija artística, tendo por remates figuras de anjos. A imagem principal era a da Nossa Senhora do desterro (Nossa Senhora com o menino a caminho do desterro). Em Visitação à Capela, nos finais do século, o Dr. José da Glória Camelo, Abade de São Martinho de Cavalões, considerou-a “perfeita e bem aceada em todo o material, tendo muito bom retábulo e tecto em madeira”.
A Capela de Nossa Senhora do Alívio, anexa à Casa de Rosende, foi construída em 1884 por iniciativa de D. Engrácia Ferreira Neto Freire de Vasconcelos, proprietária do Solar anexo. Durante muitos anos, ia expressamente um sacerdote de Freamunde, o Padre Florêncio, celebrar missa nesta Capela.
Do maior interesse artístico é também o Cemitério de Raimonda, muito rico e demonstrador da importância do capital “brasileiro” dos séculos XVIII e XIX. De realçar a Capela-Jazigo da Fidalga de Rosende, um edifício com frontal muito trabalhado, todo em mármore, riquíssimo. No interior, uma decoração com anjos em coroa. Ao alto, pode ler-se: "1909 – Jazigo da Família Engrácia F. Netto M. Freire”.
Do conjunto arquitectónico edificado, destaque ainda para a Casa da Torre, a Casa de Rosende, a Casa da Velha, a Casa do Reguengo, a Casa de Santo António. São casas e solares que mostram a pujança económica e o gosto artístico das famílias senhoriais da freguesia durante os séculos XVII a XIX. Aliado a este património possível de fruição, um outro, ligado às tradições, ao traje à música e à dança de índole folclórica, tem sido revivificado pelo dinamismo e a arte das gentes da freguesia.
No seu conjunto, a paisagem, o património edificado, o que resta e se conserva ainda de antigos utensílios agrícolas e sobretudo a arte religiosa, rica e esplendorosa, bem merecem uma visita repousante e demorada.
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